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O que aprendemos com a pandemia COVID-19?

A pandemia de Covid-19 foi um grande evento que começou primeiro com pequenos surtos de um vírus desconhecido na China, entre outubro e novembro de 2019. As primeiras ocorrências eram pequenas e com casos de pequena preocupação, mas o governo chinês foi rápido a atuar e medidas de quarentena foram impostas na cidade de Wuhan. Muito rapidamente, em todo o mundo, preocupação e choque foram as primeiras reações a uma possível nova pandemia. Questões surgiram como: “De onde veio?”, “Foi feito por humanos?”, “Veio de animais?”. A preocupação também recaía sobre o porquê de agora. Mesmo em 2022, a origem do vírus é questionável, podendo ser zoonótica bem como “fuga laboratorial”.

Não muito tempo depois dos casos de Wuhan, no mundo, ao longo do ano de 2020, casos deste novo corona vírus emergiram. Grande parte dos países afetados adotaram medidas de quarentena para conter a infeção, que incluíam o uso de máscaras e de álcool gel para higienização das mãos. Medidas estas indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O vírus foi depois denominado de SARS-CoV-2 (síndrome respiratória aguda grave 2) e a doença que causa de COVID-19 (doença do corona vírus 19).

No ano de 2020, o medo do novo vírus e caos predominava. Ao mesmo tempo, ao longo do ano, o não levantar das restrições acoplado ao isolamento começavam a ter um peso enorme nas pessoas, principalmente mentalmente. Neste mesmo ano, a vacina começou a ser desenvolvida com intenções de começar a ser administrada a todas as pessoas, globalmente, em 2021.

O ano de 2021 foi marcado pelo início da vacinação global, o fim de algumas restrições e o reiniciar da vida de muitas pessoas. No entanto, nem tudo estava a ir bem… Desde o início da pandemia até agora 6,6 milhões de pessoas morreram e foram registados cerca de 630 milhões de casos mundialmente, o que faz com que a pandemia COVID-19 seja uma das pandemias com mais casos de infeção registados. Em relação a mortes, esta pandemia não foi tão impactante quando comparada à Gripe Espanhola (1918) que infetou cerca de 500 milhões de pessoas e dessas, 50 milhões faleceram de doença grave.

Uma das características que auxiliou o vírus a ser tão letal e infecioso foi a sua alta capacidade para sofrer mutações. Quando comparado com a maior parte dos corona vírus, o SARS-CoV-2 tem uma alta taxa de mutação, mas devido às suas capacidades de revisão de prova, acaba por ter menos taxa de mutação quando se compara com vírus Influenza. Durante a pandemia, várias estirpes de SARS-CoV-2 surgiram ao redor do mundo, algumas com mais capacidade de infeção, mas que não causam doença grave e outras que são o contrário, mais letais, mas menos eficientes no que toca a transmissão.

 

Máscara cirúrgica

 

O que de facto aprendemos da pandemia COVID-19?

1. As pessoas mais novas e saudáveis não são invulneráveis
Como está reportado, indivíduos mais velhos (65+) e com doenças crónicas têm maior risco de morrer com COVID-19. Os mais jovens não estão tão seguros visto que alguns podem ficar infetados com COVID-19. Em alguns casos, podem até estar mais suscetíveis a ficarem infetados do que pessoas mais velhas e ainda mais podem desenvolver formas de doença mais grave, no entanto com menor probabilidade de falecer. Nem todas as consequências de infeção por COVID-19, independentemente de idade, estão esclarecidas de momento.

2. As pessoas podem ser infetadas mais do que uma vez
Esta doença tem provado que reinfeções com doença usualmente ocorrem devido à perda de memória nas células produtoras de anticorpos. As vacinas aqui ajudam a reduzir chances de doença grave através do reforço de anticorpos. Importante referir que estar vacinado não previne infeção, apenas reduz gravidade da doença.

3. Qualquer pessoa pode transmitir o vírus
No início da pandemia, a maior parte das crianças não tinha sintomas de COVID-19. Mesmo não estando doentes, tinham a capacidade de transmitir o vírus para os outros e, por isso, a partir de certa idade, também as crianças tinham de usar máscara.

4. Ação preventiva e máscaras são ferramentas úteis
Aprendemos que nem todas as pessoas usavam medidas de proteção de saúde como máscaras, distanciamento social e lavagem das mãos frequentemente. Mesmo assim, conhecimento sobre vírus respiratórios e infeções foi transmitida à população. Atualmente, mais pessoas questionam-se “Será que devia sair ou trabalhar se estou doente?”. Isto é bastante positivo para prevenção de futuras doenças infeciosas.
Máscaras são consideradas uma opção para proteção individual ou para proteger os outros de doenças, como por exemplo a gripe comum que ocorre todos os invernos e especialmente para pessoas vulneráveis. Nem todos vão usar, mas alguns irão olhar como uma oportunidade de ter mais proteção.

5. Telesaúde tornou-se uma opção mais comum
Uma nova opção surgiu para consultas médicas: as consultas online. Isto é importante para se poder dar resposta a todas as necessidades dos doentes bem como proteger os médicos e enfermeiras em tempo de pandemia. Tornou-se também um formato conveniente para as introduções entre médico e paciente.

6. As vacinas são ferramentas poderosas
As vacinas provaram, outra vez, ser uma boa opção para tratar e prevenir doença. Têm efeitos secundários, claro, mas muito menos quando comparado à doença. Os riscos associados à toma da vacina são menores do que sofrer a doença. Então, é aconselhável tomar as vacinas, não só a da COVID-19, mas também as de prevenção de outras doenças. É de notar que as vacinas podem não ser totalmente eficazes. Mesmo depois de um ano de COVID-19, as vacinas têm provado a sua eficácia na mitigação da doença grave.

 

Seringa

 

7. Precisamos de dar mais importância à saúde mental
A saúde mental tem sido um assunto que afeta não só jovens. Afeta pessoas de todas as faixas etárias. O surgimento da COVID-19, o isolamento, a pressão do trabalho, estudos, família, despedimentos e a perda de entes queridos tem um peso nas pessoas. Sintomas de ansiedade e depressão têm aumentado e sintomas de COVID longo podem também aumentá-los. Órgãos internacionais como o Parlamento Europeu e a OMS ativamente reconhecem a importância de focar as nossas atenções à saúde mental das pessoas. O Serviço de Pesquisa do Parlamento Europeu emitiu um documento intitulado de “Saúde mental e a pandemia” (Mental health and the pandemic) a explicar, com o auxílio de vários estudos, os efeitos da pandemia na saúde mental das pessoas, em várias faixas etárias e com atenção também aos sintomas que apresentavam e as razões para tal.

8. Temos capacidade de resiliência e adaptabilidade
A resiliência foi testada durante a pandemia COVID-19. Ajustar horários, mudar rotinas, menos socialização. Alternativas foram procuradas. Não desistir e resistência demonstrou, de facto, a resiliência das pessoas. Criar hábitos/hobbies como mais exercício, comer saudável, meditação, falar regularmente com amigos e família pode ajudar. Organização é chave, não é preciso fazer muito, apenas é preciso fazer o suficiente para deixar uma pessoa satisfeita.

9. Comunidade é essencial – a tecnologia também
O isolamento deixou alguns de nós sós, solitários, muito nos nossos pensamentos. A necessidade de comunicar e socializar com os outros tornou-se ainda mais evidente. Tecnologia foi essencial para ajudar nessas conexões. Mesmo só o facto de comunicar com outras pessoas, conhecidos, apenas porque sim, pode ajudar. Assim, mesmo com o isolamento sentido durante os períodos de quarentena, a internet possibilitou outra forma de distração e conexão.

 

Máscara facial

 

10. Às vezes é preciso ser humilde
Os médicos estão mais humildes. Nem todas as doenças são fáceis de curar. Este vírus mostrou resistência e luta quando se menos esperava. A vacina teve um desenvolvimento rápido, mas não é perfeita devido à rápida taxa de mutação do vírus. Também, o que se inicialmente pensava que era uma “outra gripe” provou ser mais do que se pensava. Desde uma maior letalidade a sintomas inesperados como AVCs e coágulos, perda de cheiro e sabor que podia perdurar por meses.
Uma lição foi aprendida: Não subestimar novas ameaças, é preciso respeitá-las e reconhecer todas as possibilidades.

 

References:
https://covid19.who.int/
https://www.gavi.org/vaccineswork/10-things-we-have-now-learned-about-covid-19
https://www.yalemedicine.org/news/8-lessons-covid-19-pandemic